Por muito tempo fui o caçula em quase tudo na vida. Da salinha do
pré-primário até a faculdade e do meu primeiro até o último emprego sempre entrei
sendo este tipo de personagem. Precisou de vários anos pra que a coisa deixasse
de ser regra. Lamentavelmente, isto só aconteceu devido ao passamento dos meus
colegas mais velhos, seja na aposentadoria ou mesmo no derradeiro adeus. Creio
que eu, pelo menos nos jornais e assessorias em que trabalhei, tenha sido
fadado a ser aquele que fechava a porta, o ciclo, etc. Somente a partir daí
vinham os mais novos.
Hipnotizado pela loucura de desde os meus 23 anos ter trabalhado em
redação de jornal – e de fechamento quase todo o tempo – não me dei conta que a
maioria destes passamentos se dava sem a minha devida atenção. Quantas vezes eu
cheguei em A TARDE e procurava os mais próximos para pedir informações sobre
algo gravíssimo que acontecera com um colega na noite anterior mais que no
corre-corre do fechamento do jornal não pude dar atenção.
“Quando entrei no jornal A TARDE, lá no comecinho dos anos 90 – em 1992,
mais especificamente – encontrei um mundo “tão” diferente do que deixei no
finalzinho da primeira década do século XXI.... Antes, era um mundo de gente que tinha
história.”
Inexplicavelmente, para mim, com o tempo estas pessoas foram sendo
“trocadas”. Nunca, em nenhum destes passamentos eu encontrei uma resposta que
justificasse esta troca! Os que ascendiam hierarquicamente com estas demissões
levantavam a bandeira da justificativa do tipo: “fulano já estava cansado,
aposentado, bem de vida ou até mesmo cometiam o puxa-saquismo descarado de
dizer que patrão faz o que quer!”. Me alegro de lembrar de uns três que falaram
isto e tempos depois saíram mais humilhados ainda.
Na minha demissão pude assistir “do palco” que a platéia já não era a
que conviveu comigo nas mais de cinco mil madrugadas... Claro que deixei alguns
contemporâneos, mas foram poucos. De tecnologia do meu tempo somente a veterana
rotativa – que já encontrei quando fui contratado, gente! Ela é de 1974...
rsrsrsr), só que modernizada com sistema automático de abastecimento de tinta.
Por sinal eu nem percebi que demitiram a equipe que fazia isto!
A tradicional mesinha de centro, com centenas de laudas e diagramas de
páginas em branco prontas para serem adornadas pelas velhas Remington (máquinas
datilográficas) e réguas de paicas, respectivamente, não mais existia. Em seu
lugar o dr. computador reina solene. Sem contar as citadas baixas na redação,
acabaram com o setor de revisão e o emprego de mais de 30 colegas, o de
fotocomposição com mais 50 colegas, o de montagem de arte-final com mais uns 30
colegas e passaram um pente-fino na parte de fotolito e gravação de chapas com
a dona tecnologia nas artes gráficas.
Hoje, já não tenho mais 23 anos. E nos lugares que ando – nas minhas
novas redações da vida, porque não? – estou quase sempre na outra extremidade.
Então, hoje, me alegro por ter...
história!
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