Achei estas fotos na dona internet e imediatamente fui
arremessado para 1986, acredito que no mês de junho. Próximo de completar 18
anos fui à ilha, na cidade de Itaparica, para me alistar no Tiro de Guerra de
lá, já que em Salvador eu correria o risco de ser convocado. Naquela época o
pavor de servir ao exército aterrorizava os quase adultos dispostos a enfrentar
o tal do sorteio. Enfim, lá estava eu acompanhado do fiel amigo de meu avô
chamado por mim de “seu” Vieira, escrivão de polícia e um dos poucos frequentadores
de minha casa. Após breve procura nos locais mais óbvios como o forte e a
prefeitura fomos informados que o Tiro de Guerra ficava numa salinha do Arquivo
Público (foto acima). Pra lá fomos imediatamente caminhando pelas desertas ruas
do local. Lembro que era mais ou menos 10 horas e a porta estava fechada com um
papel colado escrito que o expediente era de 13 até 14hs. Fazer o quê? Saímos
para dar uma volta pela histórica cidade e matar o tempo. Almoço de moqueca de
siri catado no restaurante sem nome do outro lado do famoso Espanha, que diga-se de passagem, nos 40
minutos da refeição se encontrava aberto e vazio,numa invejável característica de cidadezinha. Trocamos o cochilo depois
do almoço por um passeio pra conhecer o velho Hotel Icaraí (foto abaixo), prédio
presente em várias fotografias amareladas dos meus avós no tempo dos veraneios
por lá. Lembro emocionado até de uma em que meus avós abraçavam meu pai (este
com menos de 10 anos à época). Hoje, dos que estavam nas fotos, só restou meu pai com 70 anos. Tristeza.
Acabado o lúdico passeio lá fomos nós ao Tiro de Guerra. O tempo foi passando... 14h30 e nada do “homi”. Quase 15 horas derrepente passa um sujeito de bermuda, com a camisa no ombro, pés e pernas salpicados de areia e se dirige a
nós dizendo: “Tão me esperando? Hoje é segunda e tenho baba depois do almoço
com o pessoal da delegacia, e é de lei!”. "Cês não são daqui não, né?”. Balançamos
a cabeça e nos adiantamos a dizer que tínhamos casa em Barra do Gil e tal. Ele
nos pediu 10 minutos "pra jogar uma água no corpo" e saiu sem esperar a resposta.
Meia-hora depois chega ele com três mangas espadas na mão pra nós, arrastando
os chinelos como se nada tivesse acontecido e vai logo falando que vai pegar os
papeis do alistamento e nos avisando que ali era pra quem não queria servir ao exército.
Sem muita conversa – já que nosso personagem tinha coisa mais importante pra
fazer, com certeza – preenchemos os papeis em menos de 5 minutos e estava tudo
pronto. Claro que ele saiu junto com a gente, pois era segunda-feira e com
certeza devia ter algum outro compromisso. Viva Itaparica!
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