domingo, 20 de julho de 2014

Itaparica e o Tiro de Guerra


Achei estas fotos na dona internet e imediatamente fui arremessado para 1986, acredito que no mês de junho. Próximo de completar 18 anos fui à ilha, na cidade de Itaparica, para me alistar no Tiro de Guerra de lá, já que em Salvador eu correria o risco de ser convocado. Naquela época o pavor de servir ao exército aterrorizava os quase adultos dispostos a enfrentar o tal do sorteio. Enfim, lá estava eu acompanhado do fiel amigo de meu avô chamado por mim de “seu” Vieira, escrivão de polícia e um dos poucos frequentadores de minha casa. Após breve procura nos locais mais óbvios como o forte e a prefeitura fomos informados que o Tiro de Guerra ficava numa salinha do Arquivo Público (foto acima). Pra lá fomos imediatamente caminhando pelas desertas ruas do local. Lembro que era mais ou menos 10 horas e a porta estava fechada com um papel colado escrito que o expediente era de 13 até 14hs. Fazer o quê? Saímos para dar uma volta pela histórica cidade e matar o tempo. Almoço de moqueca de siri catado no restaurante sem nome do outro lado do famoso Espanha, que diga-se de passagem, nos 40 minutos da refeição se encontrava aberto e vazio,numa invejável característica de cidadezinha. Trocamos o cochilo depois do almoço por um passeio pra conhecer o velho Hotel Icaraí (foto abaixo), prédio presente em várias fotografias amareladas dos meus avós no tempo dos veraneios por lá. Lembro emocionado até de uma em que meus avós abraçavam meu pai (este com menos de 10 anos à época). Hoje, dos que estavam nas fotos, só restou meu pai com 70 anos. Tristeza.
Acabado o lúdico passeio lá fomos nós ao Tiro de Guerra. O tempo foi passando... 14h30 e nada do “homi”. Quase 15 horas derrepente passa um sujeito de bermuda, com a camisa no ombro, pés e pernas salpicados de areia e se dirige a nós dizendo: “Tão me esperando? Hoje é segunda e tenho baba depois do almoço com o pessoal da delegacia, e é de lei!”. "Cês não são daqui não, né?”. Balançamos a cabeça e nos adiantamos a dizer que tínhamos casa em Barra do Gil e tal. Ele nos pediu 10 minutos "pra jogar uma água no corpo" e saiu sem esperar a resposta. Meia-hora depois chega ele com três mangas espadas na mão pra nós, arrastando os chinelos como se nada tivesse acontecido e vai logo falando que vai pegar os papeis do alistamento e nos avisando que ali era pra quem não queria servir ao exército. Sem muita conversa – já que nosso personagem tinha coisa mais importante pra fazer, com certeza – preenchemos os papeis em menos de 5 minutos e estava tudo pronto. Claro que ele saiu junto com a gente, pois era segunda-feira e com certeza devia ter algum outro compromisso. Viva Itaparica!


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