Se tenta dizer por aí que o PT
está descendo a ladeira e que até o próprio Lula admite que o partido já enfrentaria
uma rejeição só esperada para 2018. Para poder falar sobre isto eu preciso
deixar claro que a minha posição política sempre foi de independência,
principalmente pela minha profissão. Quero dizer, não aceito imposturas de
grupos que se acham de esquerda ou de direita. Lamentavelmente, quando se
critica uma dessas facções, a outra fica satisfeita e, portanto, a coisa passa
a ser toda emocional. De voto que não me arrependo devido a inúmeras situações
pessoais, como os inquestionáveis ganhos na esfera social, cito Lula e, por
incrível que pareça, FHC pela sua história dentro da Sociologia, respaldado
pela esfera de respeitabilidade da USP, na área. Acreditei que FHC com seu
vasto conhecimento seria fundamental pra aquele momento no Brasil. Já o voto
que eu gostaria de poder ter dado (não pude votar por não ser nascido ou
residir em Conceição do Coité) foi para Assis de Coité, que conquistou meu
respeito e a minha amizade. E pra que não restassem dúvidas da minha fidelidade nunca o procurei atrás de emprego após sua vitória para prefeito. Tornei-me
amigo do homem Francisco de Assis, que pra mim, ainda é maior que o político.
Bem, retornando ao atual momento
político, enxergo sem miopia que inconscientemente o brasileiro está acolhendo
- principalmente devido à visão jurídica levantada pelo carismático Joaquim
Barbosa de “domínio do fato” usada no mensalão (em que se supõe que um superior
hierárquico tem obrigatoriamente que saber o que acontece abaixo dele) - a idéia
de que o PT é o monstro da vez. Definitivamente discordo desta generalização,
como discordo de quase todas as tentativas de se apontar um todo por alguns.
Não creio que padre seja pedófilo, pastor seja ladrão, médico só pense em
dinheiro, etc. Assim, penso que a igreja é santa independentemente de existirem
padres e pastores com desvios de postura. A medicina salva vidas e somente alguns
médicos só pensam em dinheiro. Finalmente, alguns petistas (mesmo na cúpula do
partido) são corruptos, como nos PSDB’s, Rede’s e Dem’s também o são. Mas
preciso ter plena convicção dos prós de todas estas siglas.
Afirmo categoricamente que não
acredito mais em uma mudança radical como solução para o Brasil. Digo isto pela
visão desequilibrada entre bons e maus políticos. Diversas forças estranhas
estão reinando no nosso meio e acabam com qualquer tentativa de se criar uma
sociedade socialista e democrática. Estas forças estranhas são os conchavos
necessários para se fazer até a mais banal das ações, como podar uma árvore.
Sim, podar uma árvore pode ter um custo quase milionário se se pensar em usar
os poderes públicos. Com a polarização de partidos hoje na base aliada e conseqüente
multipartidariedade nos cargos públicos – necessária para a governabilidade –
uma ligação para o podador de arvores vem logo acompanhada por um “quem mandou?”
e a isto se seguem infindáveis trocas de ligações oportunistas entre esferas do
governo para troca de favores políticos. Ao final deste escambo a poda da
árvore custou até um emprego numa estatal. Triste Brasil!
O que é isto? Lá volto eu a falar
de Foucault, meu velho aliado nas dúvidas sobre o homem. Foucault afirmou que,
em toda sociedade, o que existe são relações de poder e estão em todos os
lugares. Entre o pai e os filhos, entre o professor e seus alunos, entre médicos
e os pacientes, entre vizinhos, etc. Enfim, todos nós, em maior ou menor grau gostamos
de exercer nossos pequenos poderes como se fôssemos tiranozinhos. Por lógica,
enxergamos que qualquer mudança positiva teria que vir de cima (do governo) pra
baixo, já que o contrário é mais difícil, pois exigiria mais esforço pessoal. Só
que esta lógica nos escraviza ao poder demagógico de uma corja de políticos do
mal. Aí voltamos lá pra cima do texto de vez. O que precisamos é votar no ideal do partido somado a figura do candidato. Raciocinem comigo: se a visão
que se tem e que é aceita por todos é de que o PT fez muito pelo social então
esta qualidade deveria estar imaculada, não? O que se vê é fulano que só tem
casa devido ao Minha Casa Minha Vida e a comida na mesa graças ao Bolsa Família
berrando que nada presta e que o PT é ladrão. Se ele obteve benefícios lícitos
com o PT ele poderia até dizer que José Dirceu ou Genoino são ladrões e não o
PT com um todo. Estes dois citados anteriormente, por terem passado pelo crivo
da justiça e terem sido condenados são realmente culpados. Questionar isto
complica mais do que ajuda, pois colocaria em xeque a justiça como um todo e se
obrigaria a abrir as portas das penitenciárias todas, ou no mínimo se conceder
novo julgamento. Mas, não! É mais fácil queimar o PT. Não acho justo!
Triste é ver que com estas
generalizações transformamos a vida política partidária em disputas do tipo
Bombril e Assolam ou Guaraná Antarctica e Kuat, que possuem diferenças, mas tão
tênue que quase se tornam a mesma coisa...
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