quarta-feira, 23 de julho de 2014

O ideal é intocável, seja qual for o partido!


Se tenta dizer por aí que o PT está descendo a ladeira e que até o próprio Lula admite que o partido já enfrentaria uma rejeição só esperada para 2018. Para poder falar sobre isto eu preciso deixar claro que a minha posição política sempre foi de independência, principalmente pela minha profissão. Quero dizer, não aceito imposturas de grupos que se acham de esquerda ou de direita. Lamentavelmente, quando se critica uma dessas facções, a outra fica satisfeita e, portanto, a coisa passa a ser toda emocional. De voto que não me arrependo devido a inúmeras situações pessoais, como os inquestionáveis ganhos na esfera social, cito Lula e, por incrível que pareça, FHC pela sua história dentro da Sociologia, respaldado pela esfera de respeitabilidade da USP, na área. Acreditei que FHC com seu vasto conhecimento seria fundamental pra aquele momento no Brasil. Já o voto que eu gostaria de poder ter dado (não pude votar por não ser nascido ou residir em Conceição do Coité) foi para Assis de Coité, que conquistou meu respeito e a minha amizade. E pra que não restassem dúvidas da minha fidelidade nunca o procurei atrás de emprego após sua vitória para prefeito. Tornei-me amigo do homem Francisco de Assis, que pra mim, ainda é maior que o político.
Bem, retornando ao atual momento político, enxergo sem miopia que inconscientemente o brasileiro está acolhendo - principalmente devido à visão jurídica levantada pelo carismático Joaquim Barbosa de “domínio do fato” usada no mensalão (em que se supõe que um superior hierárquico tem obrigatoriamente que saber o que acontece abaixo dele) - a idéia de que o PT é o monstro da vez. Definitivamente discordo desta generalização, como discordo de quase todas as tentativas de se apontar um todo por alguns. Não creio que padre seja pedófilo, pastor seja ladrão, médico só pense em dinheiro, etc. Assim, penso que a igreja é santa independentemente de existirem padres e pastores com desvios de postura. A medicina salva vidas e somente alguns médicos só pensam em dinheiro. Finalmente, alguns petistas (mesmo na cúpula do partido) são corruptos, como nos PSDB’s, Rede’s e Dem’s também o são. Mas preciso ter plena convicção dos prós de todas estas siglas.
Afirmo categoricamente que não acredito mais em uma mudança radical como solução para o Brasil. Digo isto pela visão desequilibrada entre bons e maus políticos. Diversas forças estranhas estão reinando no nosso meio e acabam com qualquer tentativa de se criar uma sociedade socialista e democrática. Estas forças estranhas são os conchavos necessários para se fazer até a mais banal das ações, como podar uma árvore. Sim, podar uma árvore pode ter um custo quase milionário se se pensar em usar os poderes públicos. Com a polarização de partidos hoje na base aliada e conseqüente multipartidariedade nos cargos públicos – necessária para a governabilidade – uma ligação para o podador de arvores vem logo acompanhada por um “quem mandou?” e a isto se seguem infindáveis trocas de ligações oportunistas entre esferas do governo para troca de favores políticos. Ao final deste escambo a poda da árvore custou até um emprego numa estatal. Triste Brasil!
O que é isto? Lá volto eu a falar de Foucault, meu velho aliado nas dúvidas sobre o homem. Foucault afirmou que, em toda sociedade, o que existe são relações de poder e estão em todos os lugares. Entre o pai e os filhos, entre o professor e seus alunos, entre médicos e os pacientes, entre vizinhos, etc. Enfim, todos nós, em maior ou menor grau gostamos de exercer nossos pequenos poderes como se fôssemos tiranozinhos. Por lógica, enxergamos que qualquer mudança positiva teria que vir de cima (do governo) pra baixo, já que o contrário é mais difícil, pois exigiria mais esforço pessoal. Só que esta lógica nos escraviza ao poder demagógico de uma corja de políticos do mal. Aí voltamos lá pra cima do texto de vez. O que precisamos é votar no ideal do partido somado a figura do candidato. Raciocinem comigo: se a visão que se tem e que é aceita por todos é de que o PT fez muito pelo social então esta qualidade deveria estar imaculada, não? O que se vê é fulano que só tem casa devido ao Minha Casa Minha Vida e a comida na mesa graças ao Bolsa Família berrando que nada presta e que o PT é ladrão. Se ele obteve benefícios lícitos com o PT ele poderia até dizer que José Dirceu ou Genoino são ladrões e não o PT com um todo. Estes dois citados anteriormente, por terem passado pelo crivo da justiça e terem sido condenados são realmente culpados. Questionar isto complica mais do que ajuda, pois colocaria em xeque a justiça como um todo e se obrigaria a abrir as portas das penitenciárias todas, ou no mínimo se conceder novo julgamento. Mas, não! É mais fácil queimar o PT. Não acho justo!
Triste é ver que com estas generalizações transformamos a vida política partidária em disputas do tipo Bombril e Assolam ou Guaraná Antarctica e Kuat, que possuem diferenças, mas tão tênue que quase se tornam a mesma coisa... 

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