Aos amigos que me mandaram mensagens perguntando se eu não iria
escrever xingamentos e blasfêmias sobre a copa do mundo pra eles “darem
risadas”, digo que ainda não tive condições por estar virado na zorra e com o
capeta desde aquele 7 a 1.
É preciso que fique claro que para mim o ser humano finge praticar
a igualdade com o próximo mesmo sem levantar um dedo pra que esta se dê. Aliás,
faz de conta que faz algo pra acabar esta desigualdade e para isto usa a desigualdade
pessoal, num flagrante contra-senso. Esta afirmação se baliza quando alguém acredita
ser superior nas suas crenças e ideologias, se auto-elegendo dono da verdade,
independentemente da figura do outro, seja mentindo, roubando e tal. O brasileiro acredita nesta idéia e desde o anúncio desta famigerada copa do
mundo de futebol está apenas extasiado com o próprio mimetismo. Em poucas palavras
torna-se um personagem preso a primeira página de um roteiro e que vê no
decorrer da novela a impossibilidade de qualquer mudança sob a pena de admitir o
erro e descer do trono. Nesta página inicial estaria escrito que seríamos o país
do futebol, que teríamos obras faraônicas, que a seleção brasileira era toda formada
por heróis e o pior: que Deus era brasileiro. Mas qual o motivo de eu estar falando
o óbvio? Não é aqui no Brasil que se leu num livro sagrado que o jumento falou
e que isto de alguma forma traria alguma vantagem? Definitivamente, o milagre
nestas terras tupiniquins vai além de qualquer estudo etológico. Logo os "defensores
da fé" me acusarão de heresia por esta observação. O ridículo dessa gente
não tem fim. Cada dia se supera e eu tenho é que fechar meu corpo de algum
modo, mesmo com o desprezo.
Tudo muito simples. No dia da festa de abertura do certame
uma coreografia meia-boca e uma partida ainda pior da seleção canarinho contra
a Croácia com direito a gol-contra brasileiro. O óbvio começara ali a ser subjugado
com a desculpa de que seria o nervosismo da estréia. Dali se seguiu um empate
sufocante contra o México onde o disfarce do péssimo futebol era substituído
pelo tal canto do hino nacional a capela... e outra vitória contra o inexpressivo
Camarões sem o craque Samuel Eto’o. Chega as oitavas e empata com o Chile no
tempo normal e ganha nos pênaltis, com o frangueiro do Júlio César no gol. Da Colômbia
venceu com um gol sem querer de Tiago Silva, o mais covarde capitão que a seleção
já teve e outro de bola parada de David Luis. Antes tivesse perdido, pois a
seguir veio o vexame de tomar de sete da Alemanha e depois, pra acabar com a
tese de apagão que só acontece uma vez na vida, veio o 3 x 0 da Holanda. Como
se não pudesse piorar e pra corroborar a tese do começo do texto “se” elegeu
David Luis um herói. O que é ser herói afinal de contas? O dito cujo teve culpa
em 6 dos 7 gols da Alemanha e dos 3 que a Holanda nos meteu! Em quase todos deixou
sua posição original para sair nas fotos. Não tenho mais nada a dizer. O herói
brasileiro e seu estado de festa são a desculpa de sua incompetência e pequenez.
Só volto a assistir à outra partida desta seleção quando me
trouxerem o hexa!
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