Padaria vende pão e livraria vende livros, não é? A primeira
entrega saúde e a segunda nos dá duas opções: papel com letras ou saber. Estava
eu passeando alegremente por importante livraria de Salvador quando um insight me
perturbou questionando-me sobre o motivo de se dar liberdade para que nós
cidadãos comuns possamos pegar pela beleza das capas o que iremos ler. Há duas
maneiras de ajudar um amigo: tirando os obstáculos de seu caminho ou dando-lhe
o que necessita. Ora, a condição mais óbvia para o desenvolvimento da
inteligência é a organização do saber. Discernir o importante do irrelevante é
o ato inicial da inteligência. Então qual o motivo dos clássicos não estarem agrupados
logo a frente dos olhos? Basta isto para que se adquira um senso da diferença
entre títulos essenciais - o que importa - e o que não importa. Sem esforço
consciente se adquiriria um senso de hierarquia e de orientação no tempo
histórico e na cultura.
Só que aqui no Brasil isso não existe. A cultura é gerida
para tornar o essencial indiscernível do irrelevante... dinheiro, dinheiro,
dinheiro. O efêmero assume o peso do milenar e o irrelevante ocupa o centro do
mundo. Simples que dá dó! Ninguém está a salvo, mesmo os mais letrados. Ninguém
pode atravessar essa selva. Pra acabar com tudo os mais jovens estão chegando
com a arrogância cibernética do sabe tudo estimulado pelo novo pai dos burros:
A INTERNET. É impossível discutir com ela.
Quanto mais nos libertamos de um passado que daria sentido à
nossa inteligência, mais nos tornamos escravos de uma atualidade que nos
desorienta e debilita. Estamos perdidos no meio de um deserto onde é preciso
recomeçar sempre o caminho, de novo e de novo, para não chegar à parte alguma. A
ordem é esta!
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