terça-feira, 17 de junho de 2014

Compro santidade e pago bem!


Não estou nadando em dinheiro, mas posso dar uns reais e mais um Pálio 97 pelo título de santidade igual ao que alguns estão tilintando por ai. Minha única exigência é que o referido título venha acompanhado de um atestado de originalidade ou algo que faça com que eu acredite realmente que sou santo.
Ironias a parte, me enlouquece esta crença de alguns na própria impossibilidade de pecar, derivada da certeza de intimidade com Deus. Confio plenamente que não se trata da conhecida hipocrisia, mas de uma efetiva corrupção da consciência, que, elevada a maior potência, leva o indivíduo a acreditar ser ele um “escolhido”. Só que isto o faz incapaz de julgar suas próprias ações, ao mesmo tempo em que se reveste de toda autoridade moral para condenar os pecados do outro. Também me faz tremer na base quando vejo que o encargo de julgar moralmente o outro cai precisamente sobre aqueles indivíduos que se tornaram os mais incapazes de julgar a si mesmos e o resultado é esse: uma moral invertida, uma antimoral ou mesmo um estelionato moral. Pior é quando se usa de dissimulação, como quando acuado num canto o transgressor inverte os papéis e se faz de vítima, confundindo e prostituindo todas as formas de julgamento. Neste momento, talvez, um agnóstico seja mais respeitador com o Senhor que todos aqueles que dizem crer e seguir a palavra escrita na Bíblia.
Quanto à oferta feita por mim para o título em questão, acabei de desistir. Deixo a grana e o velho carro nos seus respectivos lugares e opto por entregar a Deus o meu julgamento.

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